Soldado exemplar, dedicado, amoroso: quem era cabo que morreu após engasgar com comida durante treinamento
24/11/2024
Alan Roberto de Freitas Silva morreu na quinta-feira (21), após 33 dias internado em Ribeirão Preto (SP). Suspeita de médicos é de PM tenha tido rompimento do esôfago. Alan Roberto de Freitas Silva, de 35 anos, participava de um curso de treinamento da Força Tática em Ribeirão Preto, SP
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A morte do cabo da Polícia Militar Alan Roberto de Freitas Silva, que faleceu após 33 dias internado em Ribeirão Preto (SP), deixou amigos e familiares abalados e pedindo por justiça.
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Cabo Freitas, como era conhecido, nasceu e passou toda a vida em Franca (SP), onde morava com a mulher, Sarah Paschoarelli.
Pai de Alan, Welington Aires Silva conta que o filho era conhecido pelo ótimo desempenho na corporação.
"Ele era um soldado exemplar. Eu escutei isso não foi de um, não foi de dois, foi de várias pessoas que trabalham com ele. Eu entreguei meu filho para instituição chamada Polícia Militar do estado de São Paulo e devolveram meu filho em um caixão".
Alan participava de um curso de especialização profissional da Força Tática, em Ribeirão Preto desde o dia 14 de outubro. Após quatro dias, ele passou mal durante uma refeição.
O cabo foi socorrido e encaminhado em estado grave para o Hospital das Clínicas, mas não resistiu e morreu na noite de quinta-feira (21). Segundo a mulher, os médicos responsáveis disseram que o marido teve um rompimento no esôfago.
À EPTV, afiliada da TV Globo, a Polícia Militar informou que instaurou uma sindicância para apurar as circunstâncias da morte do policial e disse que a equipe médica investiga se a causa é uma patologia pré-existente. Wellington diz não acreditar nesta versão.
"Colocaram no boletim de ocorrência que ele tinha uma doença que não tinha. Eu não sei quem fez esse B.O, mas é um covarde. Meu filho não é um número, meu filho amava a profissão. Eu estou muito chateado com isso, muito magoado e vou responsabilizar. Eu não tenho nada, e o que eu tinha me levaram, que era ele".
Treinamento da Força Tática em Ribeirão Preto, SP
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'Amado pelos amigos de farda'
Emocionado, o pai de Alan lembra do dia em que o filho realizou o juramento como policial militar em São Paulo. Welington fez questão de participar presencialmente do momento tão importante para o cabo.
"Eu estava em São Paulo quando ele jurou perante os irmãos de farda, que eram 2.400, jurou defender a sociedade paulistana com a própria vida. Eu estava lá, eu vi, então eu não aceito a instituição Polícia Militar do estado de São Paulo fazer meu filho mais um número".
Welington conta que o filho era muito querido dentro da corporação, tinha boas relações e era um profissional admirável.
"O cabo Freitas era um cara dedicado, amado pelos amigos da corporação, pelos amigos de farda, os irmãos de farda. O que eu fiquei sabendo foi que acordaram eles de madrugada, eles dormiam pouco, comiam pouco e no dia da refeição jogaram gás lacrimogênio dentro do refeitório".
Alan Roberto de Freitas Silva, de 35 anos, participava de um curso de treinamento da Força Tática em Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
'Uma pessoa maravilhosa'
A morte de Alan e a falta de resposta dos profissionais que ministravam o curso da Força Tática, deixa toda a família revoltada. Welington lembra com carinho do filho fora do âmbito profissional.
"Uma pessoa maravilhosa, amoroso, cuidadoso, uma risada fenomenal, onde ele chegava ele alegrava todo mundo. Nós não tivemos apoio nenhum, nenhum do CPM 3 de Ribeirão Preto, nós não tivemos apoio nenhum".
Sarah conseguiu conversar com Alan antes que ele fosse sedado. Segundo ela, o marido contou que passou fome durante o curso e que estava ansioso para chegar em casa.
Família pede por justiça
De acordo com Welington, os sargentos responsáveis pelo treinamento não eram qualificados. Ele afirma que eles não teriam capacidade técnica para ministrar este tipo de curso.
"Na Polícia Militar, eu já aprendi isso, de sub [subtenente] pra baixo é só ferro, de tenente pra cima é 'vamos acobertar, esconder o que fazem de errado'. Só que isso não vai ficar impune não, meu filho não vai ser mais um número".
Procurada pela EPTV, a PM não respondeu sobre os questionamentos do pai de Alan. Em nota, a corporação informou que o caso foi registrado como morte suspeita - acidental no 6º DP de Ribeirão Preto.
Treinamento da Força Tática em Ribeirão Preto, SP
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*Sob a supervisão de Flávia Santucci.
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